Estadão (21/03/2012): Marcos Guterman: As crianças palestinas estão vingadas?
A polícia francesa parece já saber quem é o assassino que matou três crianças judias numa escola de Toulouse. Segundo as informações divulgadas, trata-se de um cidadão francês de origem argelina, que se diz integrante da Al Qaeda e que teria cometido o crime para “vingar” crianças palestinas mortas por Israel. Só na cabeça de dementes pode haver equivalência moral entre a morte de crianças palestinas em meio a combates em Gaza e a morte de crianças judias que estão indo para a escola na França, muito longe de qualquer front.
Mas a questão vai além da simples demência. Se todas as informações se confirmarem, pode-se dizer que esse homem não agiu movido exclusivamente por sua suposta loucura. Ele agiu animado pela certeza moral que embebe o discurso dos radicais árabes e islâmicos segundo o qual tudo é permitido, até matar crianças a sangue frio, quando se trata de enfrentar o “Mal” – encarnado no Ocidente e em uma de suas expressões mais significativas, que é Israel.
Segundo testemunhas, uma das meninas mortas pelo assassino de Toulouse tentou correr para se salvar, mas ele a agarrou pelos cabelos e atirou em sua cabeça. Essa menina, de apenas oito anos, foi despida de sua qualidade humana; tornou-se uma espécie de alvo inanimado, um objeto que traduzia todo o ódio do assassino pelo que o Ocidente representa – o Iluminismo, a modernidade, o capitalismo, o ceticismo, o questionamento dos dogmas religiosos, a irreverência, ou seja, tudo o que desafia o mundo ideal romântico dos que rejeitam como “demoníacos” a democracia e o progresso.
Quando qualquer criança, em qualquer parte do mundo, pode ser assassinada apenas por que é judia, o problema não diz respeito apenas aos judeus, mas a toda a humanidade.
Veja mais:
- Chabad: Massacre in Toulouse - A Call From the Heart by Mrs. Eva Sandler
- Globo News (23/03/2012): Analista diz como presidenciáveis franceses podem reagir ao desfecho dos atentados de Toulouse
- FSP (22/03/2012): O terrorista dorme ao lado
- Veja (21/03/2012): Reinaldo de Azevedo: Os terroristas estão entre nós!: (...) Os terroristas que se infiltraram na imprensa não andam armados, é evidente! A não ser de palavras delinquentes, com as quais, no fundo, justificam o ato de Mohammed Merah. O sentido moral de seus textos é um só: enquanto não houver um estado palestino, esses horrores continuarão a acontecer. Merah, diga-se, diz que matou em nome das… “crianças palestinas”. Tratei deste assunto aqui anteontem. Fui acusado por alguns cretinos de desviar o foco e, uma vez mais, “proteger Israel”… Os terroristas que se infiltraram na imprensa, sem qualquer motivo mais evidente para sustentá-lo, viam nos atentados da França a mão da extrema direita xenófoba — que é detestável, sim. A questão é distinguir o justo combate a esse tipo de delinquência do esforço sistemático de alguns grupos para que o terrorismo islâmico passe a ser encarado como um dado da equação política. >>>> Leia mais, clique aqui.
- O Globo (21/03/2012):'É mais fácil recrutar no meio delinquente'
- O Globo (21/03/2012): ‘Sarkozy e equipe brincam com fogo’
- Estadão (19/03/2012): Marcos Guterman: O ataque em Toulouse e o antissemitismo malandro
Nenhum comentário:
Postar um comentário